sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Como conversar com um desconhecido



Desde que criei o blog Um Livro Qualquer, muitas pessoas vem conversar comigo com os mais variados assuntos. Eu acho excelente, sinto-me verdadeiramente lisonjeado, ainda que, nem sempre, eu tenho tempo de dar a devida atenção.  No entanto, acho estranho que algumas pessoas, ao iniciar uma conversa, simplesmente esperam que eu determine o assunto. Cumprimentam: Oi, tudo bem? E eu respondo: Sim, tudo e você? E a conversa morre. Não que seja errado passar para dar só um oi, mas é incomum fazer isso com alguém que não se conhece. Parece-me que a intenção dessas pessoas é conversar, conhecer-me, e estou aberto a isso. Contudo, quando alguém vem falar comigo, eu espero que ela tenha algo a dizer, não sei qual a intenção dela, então não saberia como dar continuidade à conversa. Seria muito estranho a pessoa me cumprimentar e eu começar a falar sobre livros quando ela quer uma informação que não tem absolutamente nada a ver com isso. Por isso, sempre espero que ela manifeste suas intenções. Assim, deixo uma pequena dica: quando for conversar com um estranho, tenha um assunto prévio em mente e já o manifeste logo no início da conversa. Oi, vi que você é fã de Bukowski, tem algum livro dele para me indicar? Pronto. Você iniciou uma conversa com êxito e sem passar por aquele clichê do oi, como vocês está? Eu estou bem, e você? Estou bem também. Você não precisa disso, sério. Essa dica vale para quando estiver afim ou apaixonado por alguém, também. É muito simples falar com a pessoa, basta que você tenha um assunto. Por mais simples que seja. Menos sobre o tempo, por favor. Se você está apaixonado ou afim de alguém, provavelmente vocês dois têm algo em comum, use isso. E nunca, NUNCA mesmo, procure algo que a pessoa ama ou é fã e passe a gostar ou estudar a fundo isso para impressioná-la, mas sobre isso eu comento outra hora, se tiverem interesse, é claro.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O meistre arquivista – Conhecendo Patrick Ramos



Ao primeiro contato, achei que arquivologia fosse alguma matéria destinada à formação de meistres na Cidadela em Vilavelha, Westeros, acrescentando mais algum elo ao colar desses sábios da idade média. Logo imaginei um homem de barba branca guardião de registros, livros e documentos contendo feitiços mágicos e os segredos mais importantes do reino, afinal, essas coisas devem ser guardadas com cuidado, mas não. O Patrick – nada de relacionar com o Bob Esponja, sejam originais – que tem 21 anos, mora na capital brasileira, cursa arquivologia na UNB e trabalha para o Senado Federal na parte de arquivo digital, descobri – só se ele tentou esconder que está estudando para meistre – disse-me que o arquivista é um gestor logístico de informações.
Ele também é fã de Tolkien – não daqueles xiitas – e ao contrário da maioria dos fãs de Tolkien, leu todos os livros do autor, menos O Senhor dos Anéis. Ele é fã, também, de George R. R. Martin. E parece não haver nenhum problema a mesma pessoa gostar dos dois autores ao mesmo tempo, no mesmo lugar no espaço e sem que isso possa desiquilibrar a harmonia do universo. Exceto, talvez, se um dia o lado que gosta de Tolkien quiser matar o lado que gosta de Martin, mas acredito que não.
Uma das suas maiores aventuras não foi na Terra Média, sim em São Paulo, quando quase foi ao Rock in Rio. Por não conseguir comprar o ingresso, acabou indo ao show do System of a Down, um dia antes do início do Rock in Rio. E, a julgar pelas bandas e grupos que o evento tem trazido, acho que ele saiu ganhando na troca. Ele também já fez um mochilão no Peru e teve que dormir no aeroporto de Lima, encolhido num canto (esse aí da foto) junto com os amigos, sob um frio de 5º.
Então, se você quiser conhece-lo um pouco mais, pode adicioná-lo ao facebook, ao skoob ou ao Instagram. E aproveitem para ouvir a voz do Patrick, recitando Tolkien:

É que da bem-aventurança e da alegria na vida há pouco a ser dito enquanto duram; assim como as obras belas e maravilhosas, enquanto perduram para que os olhos as contemplem, são registros de si mesmas; e somente quando correm perigo ou são destruídas é que se transformam em poesia. [Silmarillion, J. R. R. Tolkien]

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Adoráveis formigas – Conhecendo Thamyrys Pinho



Não consigo deixar de pensar que a Thamyrys gosta de formigas. E nem conversamos tanto sobre isso, ela apenas mencionou do seu apreço por esses insetos que a maioria só percebe quando invadem o pote de açúcar.  Também que, mesmo com 1,84m de altura, tem pavor de grilos. Sapos, cobra, baratas, de nada disso, mas mantenham qualquer grilo longe, por favor. Culpa das primas que durante a infância a aterrorizaram com esse aparente inofensivo inseto jogando-o em seu cabelo, diz ela. Thamyrys Pinho - com dois ípsilons - tem 19 anos e saiu de casa, onde morava com o pai o irmão e a madrasta em Capão da Canoa/RS, aos 16, sem rumo e míseros cinco reais no bolso para garantir sua sobrevivência no mundo.  

Na primeira noite conseguiu um lugar para morar, mas seu emprego na pizzaria não permitia pagar o aluguel. Arranjou outro na lojinha do Uruguaio para trabalhar a tarde - Uruguaio era o dono da lojinha – e ajudar nos gastos. A tarde trabalhava na lojinha, a noite trabalhava na pizzaria até a madrugada, e já de manhã cedo, ia para a escola.  Passou muitos dias dormindo poucas horas por noite. Esse esforço todo renderam duas coisas: dezoito quilos perdidos e mais de duas semanas na cama com catapora dos pés à cabeça. Depois disso, como é natural àqueles que se aventuram para fora da proteção do lar, Thamy – espero que ela não se importe por chamá-la assim – morou com várias pessoas diferentes, até finalmente poder morar sozinha.  

Apaixonada, mudou-se há poucos dias para a cidade de Frederico Westphalen/RS, tendo que deixar a Bolota, sua gata com cara de má, com a mãe, para morar com o namorado e tentar realizar seu sonho de trabalhar com fotografia, ainda que a profissão seja pouco valorizada e os equipamentos profissionais sejam absurdamente caros. Mesmo assim ela estuda e aprende o que pode e como pode por amor a arte. Ela tem suas duas câmeras semiprofissionais e já tira suas fotos – lindas, posso afirmar – Pretende cursar jornalismo e se especializar em fotografia. Se fosse obrigada a escolher, sem dúvida fotografaria apenas animais. E, em contra ponto, odiaria tirar fotos em estúdio. 


Nesse pouco tempo em que conversamos, pude perceber que, com a mesma facilidade que se irrita e fica brava com as pessoas, ela ama. Se coubesse a mim defini-la, diria que a Thamyrys é uma pessoa que vive com exatidão seus sentimentos. Alguém sensacional para se conversar e conhecer. Por isso, deem uma passadinha no ask ou no blog dela ou curtam a página Rain, coffee and book no facebook para conhecê-la um pouco mais. Certamente não vão se arrepender. 

Antes, aproveitem para escutar a voz da Thamy recitando um poema de autoria própria que está disponível no seu blog:

Um novo mundo, novo caminho.
O universo se desloca rapidamente e não há como correr, você deixa,
natural como o vento e bom como o sol de verão
vida nova.
Com o coração cheio de amor e seus olhos ao meu lado todas as manhãs
Sentada no nosso sofá fico te esperando 
pra poder te abraçar e sorrir.
Meu mundo, meu amor.